terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Adeus é escrever com uma faca 
Um poema de Maiakovski no pescoço
A palavra que brotará da garganta sairá furiosa 
Para remoer os redemoinhos da vida 
Adeus é um poema 
Que grita 
Que sangra 
Adeus é uma poema esquecido no quarto vazio de uma exposição dolorosa.
Alexandre Lucas

Segue viajem 
Entre um aborto e outro 
Não se brota flores 
Das dores da vida se escolhe aquela que se quer 
Existe aquelas menores e outras maiores 
Com uma dor temos que casar 
Não para a vida eterna
Talvez para fazer florir primaveras.
Alexandre Lucas

Não sou o pão da esquina 
Que está ali para ser comprado e comido
Ou só comido, como arroz e feijão 
 Não venha me passar manteiga 
 E encher o bucho 
E depois virar de lado
Jogando uns trocados
O pão da esquina fica parado 
Para ser bulinado 
Enquanto gente 
Pinota, dar cambalhotas e goza
Grita e chora, recua e diz não 
Gente, não é pão!
Alexandre Lucas

Surge o  nascimento de braços
Alumiados de esperança
em cada casa sem chaminé
nos sacos vazios
de uma vida inteira
Em cada Jesus sem Nazaré  que já nasce crucificado
Não haverá trenós, nem barrigudos do consumo 
Nem ceia farta para um único dia
Quando cada castelo for ocupado,
A  comida deixar de ser   uma preocupação constante  
A felicidade não ter placas de  venda em cada esquina
E  a confraternização  ficar impossibilitada de ser orquestra artificial
Defumando ilusões
Nem o natal capital, nem migalhas de caridade
Quando o povo tiver que mendigar a felicidade,
Em doses homeopáticas
De apatia humanitária.    

Alexandre Lucas
Escreve no meu corpo e guarda segredo
Esquece os jornais
 notícia no meu ouvido
O teu release de prazer
A matéria terá argumentos
E sairá quentinha
eu e você na redação
Escrevendo narrativas
Deliciosas nas páginas da pele
E  leituras reviradas
De afetos e temperos singulares.

Alexandre Lucas

Era apenas um sonho

Uma parede verde  falava

Sem nenhuma palavra

Os  beijos eram gemidos

E parecia um blues

Os dedos se faziam pirulitos

E o corpo traquinava de felicidade

Ninguém queria acordar 

Como em todo sonho bom.


Alexandre Lucas

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Teu corpo desfila em meus pensamentos
A parede aguarda tuas mãos para o alto
Nada de assalto, quando existe reciprocidade   
Entre línguas e versos,
rolaria  pela cidade e em cada reduto teu
Na mesa desbulharia a vida e sua flor rosada
Encheria de risos, palavras e gozos
Na certeza que o outro ser
Não empacotou nas prateleiras do supermercado.


Alexandre Lucas 

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Aquela canção foi cantada com versos quebrados
Com ritmo sem compasso
E de tão quente, tudo se desmoronou
Resta as cinzas dos versos
Para adubar uma canção sem fogo.
Alexandre Lucas

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Passaram arames por terras e corpos
Para determinarem donos
Em pedaços privados
Saquearam a liberdade
O livre é sempre um absurdo
Num mundo de terras e sentimentos perversamente divididos
A maçã nunca foi pecado em terra sem dono  
Que toda posse e prisão  na cabeça faça abolição
Que todas  as terras  sejam uma só terra  para cultivar o amor
E partilhar o pão.  


Alexandre Lucas 

quarta-feira, 27 de julho de 2016



Entre as paredes
Picharia o teu corpo
Com os versos entranhados na língua
E molhados na memória
Entre as partes que nos cabe e as  paredes
quebraria o silêncio
E cantaria canções gemidas
Em pontes liquidadas de suspiros


Alexandre Lucas   
Um chá de alecrim 
Ou uns goles de café
Os teus olhos com frases entorpecidas
Tuas mãos decididamente carinhosas
E a mesa pedindo um   quarto
E  vielas do prazer
logo me visto de você
e nu diálogo com o mundo.    


Alexandre Lucas 

quinta-feira, 21 de julho de 2016


No quarto
4 por 4 e eu no meio 
Apenas 
Para respirar sem motores 
Atropelos e poeiras.
Que as lágrimas limpe 
As dores que espreme o corpo e a alma
No quarto que me cabe apenas de 4.

Alexandre Lucas

Aceito um café, um corpo e uma poesia 
Aceito os delírios da cama 
Os lírios coadjuvantes de um gozo 
Os braços e a polpa da tua rebeldia 
O teu não que é barricada para revolução.


Alexandre Lucas

domingo, 26 de junho de 2016

Que a alma toque canções suaves
Pois o coração pede um baile de borboletas
O tempo terá outros horizontes
O sorriso brotará
E as as luas serão filhas do amor

domingo, 10 de abril de 2016

Deixem-me só,
Quando o teu  meio foi o único caminho
E  as palavras se amiudarem
A tal ponto não existirem
Antes do teu corpo e da tua saliência
Prefiro a tua procissão de sapiência
Agora sim, teu corpo nu
Tecido  sem protocolos
Alcança as estrelas de olhos fechados
Silêncio:
Uma exploração anuncia: Respirações profundas
Não vista a roupa
Se não ficarei só.

Alexandre Lucas 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Quando eu estive em prantos
Quero o teu fogo
Não se afaste,
Taque com a tua língua, teu fogo
acalme meu corpo 
Enrosque seus gemidos
Em meus delírios.
Depois leia as minhas mãos
E meus olhos descaídos
De te querer
De pranto
Vou querer ser manto.

Alexandre Lucas

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ocupa
Entre as distâncias 
Um bem querer 
De um nível indecifrável 
Um pé de doce no caminho 
E vidas em feridas abertas
Um olhar de cuidado
Entre teias que se entrelaçam.


Alexandre Lucas 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Que o seu corpo não se estenda na mesa
como carne no prato
Que o seu suspiro não seja de alivio
que suas palavras se alinhavem aos meus sorrisos
e que praça testemunhe a nossa luta e nossos abraços 
que as manhãs tenham gosto de noites afetivamente quentes
e que a poesia nunca nos falte, como o pão e a vida.