sexta-feira, 7 de abril de 2017

Na geografia dos sentimentos
A estratégia de ataque e defesa
Nem sempre é favorável
O território é esfumaçante de egos
A paisagem se deforma
E os lugares são habitáveis de incompreensões.

Alexandre Lucas

Os dias passam
E a dor do outro ( a minha dor)
Perambula num campo minado
Nos gabinetes se esbanjam desdém
e tentam se escondem em carapuças vermelhas
os pavios estão acessos
no centro da mente humana.

Alexandre Lucas


As horas são  tempos diferentes
Na  burocracia em que o selfie reina
O tempo passa lento
Esmagando quem espera.

Alexandre Lucas                      


Os olhos podem brilhar
Pode  ser as crianças brincando
O gato rebolando com a bola
O beija-flor bailarinando a flor
Mas poder ser a dor que corrói
E o olho não ver.

Alexandre Lucas    
                 

Se me deres o peixe
Comerei,
Amanhã vou precisa de mais peixe
Se me ensinar a pescar
Poderei  comer amanhã e me calar
Não basta
Tenho que aprender a tomar os rios e os mares
Com todos aqueles que sentem fome.

Alexandre Lucas                      


A lua de tão descantada
Demitiu-se dos céus
A noite sem traços e luzes
Deitou-se  solitária
E fez cair uma chuva
Destas de inundam a imensidão da vida
E depois floresceu taquinhos de esperança
Desses que deixam os olhos moles e brilhantes.

Alexandre Lucas                      


O pão nunca vem integral
Quando o trabalho é Social
E a divisão privada
Persiste uma cortina
Que separa a carne humana
As casas, os direitos e os sonhos
Existe uma fome e uma comida jogada fora
Um dia tudo vai estourar
A  exploração não é casamento eterno da humanidade
Divorciarmo-nos desde o princípio
E cobremos cada pão que nos foi roubado.

Alexandre Lucas                      


Nesta noite atormentada queria ouvir a música do teu olhar
Ser abanado com o contágio do teu riso,
comer o banquete de desejos
Beber dos teus lábios
E sentir o teu corpo
Abraçado no encanto
Dos encontros.

Alexandre Lucas                      


Desde cedo soube o significado da palavra miúdo
Nas gigantescas coisas da vida
Apenas me fartaram as menores
A escrivaninha  sonho de um escritor pequenino
Era uma mesa que para tudo servia
A carne era pouca
Como  a incerteza do pão de amanhã
Até os amores eram miúdos
E a felicidade passageira
Foram de amiudados pedaços
Que descobrir a existência dos graúdos.

Alexandre Lucas                      


Gozo com as palavras
No íntimo prazeroso da alma
Na caverna do submundo das dores
Quando era invisível
Atirava a palavra na parede
Pichava a cidade  necrotério e silenciosa
Só para escutar os burburinhos de que eu existia.

Alexandre Lucas                      


Um dia sonhamos como pássaros que queriam ser leves e livres
Voamos nos sonhos do outro
Eles  pesam ( os sonhos )
 e caímos
Com todas mentiras que um dia foram verdade
Ainda em traços ralados
Persistimos  em voar
As feridas abertas
Ainda fazem asas fechadas
Que ensaiam o toque nas nuvens.

Alexandre Lucas                      


Manda-me uma de tuas poesias
Para um dia frio,
Que ela venha cheia de imagens
Cheiros e gostos
As palavras impregnem nos poros
Traga  o molhado dos teus desejos
Posta a tua poesia mais vermelha
Encandeada de vontades.

Alexandre Lucas