sábado, 31 de março de 2018


 Verso de língua
É um canto de prazer
Que se faz descascando
Os mistérios  do corpo  
Para ele cantar
Um canto gemido de sabor
Que se faz quente e úmido
Para aquecer os encontros.

Alexandre Lucas 

quinta-feira, 29 de março de 2018

Acabem logo com os direitos humanos
Blasfemam: os de panelas cheias
Nos seus incontáveis holofotes de sedução
Continuam
Não se esqueçam dos bandidos 
Bandido são pretos, pobres
Moram nas favelas, subúrbios e periferias
São perigosos, violentos e assassinos
E acham que tem direito de comer em panela cheia
Acabem com os direitos humanos
Daqueles que tem intermináveis panelas cheias
E ai, os direitos humanos deixaram de ser coisa de bandido.

Alexandre Lucas

domingo, 25 de março de 2018



A esperança  dança no meio do caminho
Como a bandeira rubra
Que junta fabrica de famintos
E cultivadores da terra
É preciso temperar o alimento da revolução
Com mãos e mentes, exploradas e oprimidas
Vamos preparar o banquete
O  gosto do nosso tempero
tem  que ter o sabor da felicidade
de ver o povo dividindo
O  fruto do trabalho socializado.  

Alexandre Lucas  

sábado, 24 de março de 2018



Linda palavra que se abre entre  as pernas
Grandes lábios de beijos colados  
Treta, faceta, buceta
Pecado, só se for calar o desejo
Errado é o silêncio que tranca
Abre
O  teu vale molhado,  quando quiser.

Alexandre Lucas


Nós nos tapamos de olhares  
Enquanto nossas  línguas se esbarram
Fazendo versos em ziguezague
Na esquina ( das tuas curvas)
Faço frevo, bebo do teu sabor
Visto-me de nudez só  para enxergam
Os teus olhos  revirar.

Alexandre Lucas  

terça-feira, 20 de março de 2018





Amo-te sem intervalos filho
Como é sem interrupção a nossa relação
Nunca seremos ex
Mas parte da mesma parte
e cheio de outras partes nos faremos únicos
na medida do agrado e desagrado
fiaremos o bordado da vida
as vezes com linha frouxa, outras apertadas
com simetria ou assimetria
com varias cores
ou branco no branco
 ou  preto no preto
a agulha dos sentimentos vai fiar
podemos furar os dedos
ou confiar que agulha vai apenas bordar
e sem intervalos,
corro  com a pressa necessária para fiar na alma,
 o bordado tecido com as linhas da vida
que carrega a imensidão que nos faz pai e filho
o bordado pode não ser tão visível quantos as palavras
mas com letras garrafais e invisíveis está  adornado: Eu te amo.

Alexandre Lucas    

domingo, 18 de março de 2018


A palavra é finita
Podendo carregar infinitas possibilidades
Um  poema  pode ter mais intenções  que palavras
Pode ser preciso,  
Pode não dizer nada com nada...
Prefiro o poema de muitas ou pouquíssimas palavras
Mas que me afeta!

Alexandre Lucas    




Sou de um partido
Que tentaram partir
Partiram alguns, algumas
Sumiram outros, outras     
As balas atravessaram os corpos
As piranhas devoraram  carnes
Nos porões,  a lucidez foi baldeada  
Entre paletós, batinas e fuzis
A elegância da maldade imperava
Sobre os bons costumes,
Costumes infelizes   
Até tentaram achatar  foices e martelos
Achando que achatariam as ideias
Elas, continuam vivas
Temperando foices e martelos.

Alexandre Lucas    

quinta-feira, 15 de março de 2018


Que as línguas e as bocas
Duelem prazer
Que o gemido seja sinfonia
Dos nossos encontros  
Pausa, tomando fôlego  
Os corpos já não se comandam
Atrelam-se e se atritam
Entram-se e se diluem
 Como peixinhos que encontram  caminhos.

Alexandre Lucas  


Estou menstruado
Sangro Marielles e Pedros, Dinas e Oswaldos, Angelos e Olgas, Heleniras e Pomares
Sangro
As  balas vem dos coturnos
Escutem, eles fazem silêncio
E  se escondem nas sentinelas do poder
Para blasfemar contra os oprimidos
Negros, pobres e faladores  
Negras, pobres e faladoras  
Como cães, as cabeças ocas dos cacetetes   se adestram com vigor a subalternidade   
Que bate continência  ao ódio,
Disseminado pelo opressor
Sangro e se renovo para sangrar
No sangue que se tempera
Do direito negado,
Da fala que se faz primavera
Em tempos quentes e de pouca luz
Sangro com as bandeiras vermelhas
Hasteadas pelos multicolores braços
Dos oprimidos e explorados
A estrada segue
Pois nunca se mata,  o sonho.

Alexandre Lucas   

Nossos risos se brindam
com olhos que se chamam
o verso atravessa a carne
no banquete sirvo-me da alma
e pinto com as cores mais vivas
os desejos mais saltitantes
de sonhar. 



Alexandre Lucas



Quero os chocolates do teu olhar
Logo cedo,
Durante o dia que ele possa derreter com carinho e calor
A noite, ou antes mesmo
Que nos façamos lar, num mar doce e apimentado.


Alexandre Lucas

sexta-feira, 2 de março de 2018

Faz frio
Tirei a roupa e os  pudores
Pronunciei com a língua
Uma  profunda delicadeza
Querendo fazer poemas nos teus olhos
Vestir  roupa quando tudo estava quente.

Alexandre Lucas